Projeto em São José do Rio Preto acolherá vítimas de abuso infantil

Na noite dessa quinta-feira (dia 1º) a Vara da Infância e Juventude de São José do Rio Preto, em São Paulo, comandada pelo juiz Evandro Pellarin – parceiro do Projeto Eu Tenho Voz, do IPAM, que orienta e sensibiliza os alunos da rede pública sobre a violência e o abuso sexual infantil – firmou parceria com o Projeto Resgate, iniciativa que terá como foco cadastrar e prestar atendimento às vítimas desses crimes no município.

A juíza Hertha Helena Rollemberg Padilha de Oliveira, idealizadora do Projeto Eu Tenho Voz e 1ª vice-presidente do IPAM, participou do evento em transmissão remota e cumprimentou o juiz Evandro Pellarin pela nova parceria realizada: “O Projeto Resgate é um passo a mais, além do que o IPAM está fazendo em Rio Preto com o Projeto Eu Tenho Voz, que foi criado exatamente para quebrar a síndrome do silêncio, para que essas crianças e adolescentes consigam falar sobre a sua dor. Quero cumprimentar o juiz Evandro Pellarin, um parceiro e modelo de magistrado. Rio Preto é uma cidade afortunada pela equipe que tem na Vara da Infância e Juventude. O Dr. Evandro sempre busca caminhos, e isso é algo que não tem preço”, afirmou a magistrada.

O Projeto Resgate tem como objetivo o atendimento e acolhimento psicológico a crianças e adolescentes que sofreram abuso sexual. O idealizador do Projeto, Alexandre Montenegro, explicou “por entender a necessidade da ajuda psicológica nesse processo de reconstrução da identidade das vítimas, idealizei o Projeto Resgate, que visa receber da Vara da Infância e Juventude as demandas de atendimento, fazer o cadastramento do atendido ou atendida, agendar o primeiro atendimento presencial, ouvir, explicar o foco do projeto, a importância do tratamento, e a partir dali direcionar o atendido às reuniões em grupo ou a um tratamento específico, caso seja identificada uma necessidade maior”, detalhou.

O juiz titular da Vara da Infância e Juventude de São José do Rio Preto, Evandro Pellarin, explicou a dificuldade de criar uma rede para dar suporte aos jovens que são vítimas de violência sexual. “Colocar em prática o resgate de crianças que precisam de ajuda após a violência sexual foi possível porque tivemos o apoio do Instituto Paulista de Magistrados, com o Projeto Eu Tenho Voz, que ao apresentar a peça teatral Marcas da Infância, com ações de voluntárias, ouviram esses jovens, levantaram os casos e, a partir daí, foi possível montarmos uma estrutura para atender a essas crianças. Foi assim que chegamos até o Projeto Resgate, por meio da psicóloga Railda Ferreira Galbiari, permitindo uma alternativa de atendimento psicológico contínuo a esses jovens. Estamos muito felizes por atender essa causa tão especial”, afirmou o juiz.

A psicóloga Railda Ferreira Galbiari completou: “O Projeto Eu Tenho Voz, quando chegou até nós, estávamos muito sofridos porque lidamos com sentimentos de adolescentes que têm marcas. E o projeto conta com uma equipe multidisciplinar. Nós já atingimos 3.867 alunos com a peça Marcas da Infância, na faixa etária dos 10 aos 21 anos do ensino fundamental. Temos urgência de fazer algo e a responsabilidade é de todos nós. Precisamos de uma rede para trabalhar em equipe. Hoje temos 87 casos de violência nessas cinco escolas onde o projeto Eu Tenho Voz passou, e todos os casos já foram encaminhados pela Vara da Infância e Juventude. Mas precisamos de mais atendimento psicológico e sabemos que a violência sexual acontece, principalmente, dentro de casa com as pessoas mais próximas. Essa realidade é muito difícil de se lidar. Temos de romper o muro do silêncio, e é muito gratificante quando chegamos na escola e elas sabem que tem um juiz presente, que esse jovem vai ser ouvido. O Projeto Resgate é um dos locais onde vamos buscar esse apoio e vai ser de grande valia porque é um trabalho continuado. Vamos fazer o cadastramento dessas famílias para dar o encaminhamento adequado a todos os casos”, afirmou.

“Fazer esse acompanhamento pode ser desafiador”, destacou a juíza Hertha Helena de Oliveira. “Muitas vezes nós sabemos de casos que aconteceram lá no passado. Mas aquela dor está lá, precisa ser tratada, e se vai buscar o auxílio na rede pública o atendimento pode ser mais lento. Então quando vamos para alguma cidade levar o Projeto Eu Tenho Voz para as escolas, nós temos de ter certeza absoluta que essa criança vai ser tratada e que a situação de violência acabe ali. Por isso, Rio Preto é uma cidade privilegiada, a única cidade em que o projeto foi abraçado pela Vara da Infância e Juventude. Até agora nenhuma cidade fez isso. Todos os que se agregam e têm empatia de combater o abuso sexual, não só fazem um grande trabalho, porque auxiliam a resolver um problema que já existe, como nos trazem um alívio, ou seja, todos contam uns com os outros. Ninguém está sozinho. Todos nós estamos ligados, vivemos em coletividade, para cada um cuidar um do outro, e só assim o mundo será melhor”, afirmou a idealizadora do Projeto Eu Tenho Voz do IPAM.

A juíza Hertha Helena de Oliveira também colocou o IPAM à disposição do Projeto Resgate. “Desejo a vocês todo o sucesso e podem contar com tudo que precisarem do IPAM. Temos materiais, cursos de formação, e essa aliança não tem como dar errado. Cada vez que tiramos uma criança de uma situação de violência, para nós é um novo dia, mais alegre, e sabemos que fizemos a nossa parte”, finalizou.

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